domingo, 22 de junho de 2008

Educação Física e Saúde

Educação Física Escolar
à promoção da saúde

1-INTRODUÇÃO: Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, no que se refere à saúde, a escola deve possibilitar aos alunos:
a) Compreensão da saúde como um direito de todos e uma dimensão essencial do desenvolvimento do ser humano; b) A condição da saúde será produzida nas relações com o meio físico, econômico e sócio-cultural; c) Conhecimento, cuidado, e valorização do próprio corpo, assim como a adoção de hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e a saúde coletiva; d) Conhecer as formas de acesso aos recursos da comunidade e as possibilidades de utilização dos serviços voltados para a promoção e recuperação da saúde.
Levando em conta todas essas informações e sabendo da importância do papel do profissional de Educação Física na tentativa de trabalhar esse tema em suas aulas, foi idealizado o projeto “Educação Física Escolar à promoção da saúde” na EE professor José Benedito Gonçalves na cidade de Salto/SP.
Dois temas importantes nortearam as ações:
Os efeitos da Obesidade infantil e da Postura Corporal na qualidade de vida dos alunos.


2 – OBESIDADE INFANTIL E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
1º Passo: Antes de começar qualquer teste, comuniquei aos alunos na primeira semana de aula sobre os testes envolvendo o tema saúde. 2º Passo: Sem mencionar o tema Obesidade infantil, foi realizada em março, entre os alunos das 4ª séries, uma avaliação do peso e altura. Na falta de uma balança adequada na escola, daquelas que indicam o peso e estatura, os testes foram realizados em uma balança doméstica (tipo as de banheiro) e fita métrica (fixada na parede). 3º Passo: Através dos dados do peso e altura dos alunos e de posse do caderno de Educação Física, lápis, borracha, calculadora e da tabela de controle de peso infantil que por sua vez revela se o aluno se encontra dentro dos padrões de peso e altura para a idade e sexos correspondentes. Com o uso destes materiais os próprios alunos fizeram em sala de aula o cálculo do IMC, que é determinado pela divisão da massa do indivíduo (peso) pela altura² e acompanharam na tabela se estavam dentro dos padrões de peso e altura para a idade e em qual categoria se encaixavam. 4º Passo: De posse dos resultados, os alunos ainda se comprometeram a trazer para escola o peso e altura de seus pais para saber em qual condição se encontravam.
( foto 1-pesagem; foto 2-altura; foto 3 e 4-cálculo do I.M.C. na sala de aula).

Foram avaliados 143 alunos de ambos os sexos de quatro 4ª séries, cujos resultados foram: 49 alunos estavam abaixo do peso (34,26%); 71 alunos estavam com peso normal (49,66%); 18 alunos estavam pré-obesos (12,58%); 05 alunos estavam com obesidade (3,50%). 5º Passo: Verifiquei que dos 143 alunos pesquisados, 50,34% estavam fora do peso ideal, ou seja, estavam na categoria abaixo do peso, pré-obeso ou obesidade e 49,66% estavam no peso normal. 6º Passo: Através dos dados coletados as famílias dos alunos foram orientadas a procurar um médico para avaliar a condição nutricional das crianças e os alunos receberam orientações a terem uma alimentação saudável, através das aulas e da palestra de uma nutricionista sobre “Pirâmide Alimentar”.
7º Passo: Com relação aos dados do peso e altura dos pais dos alunos, observei que: 13 pais: sendo 09 mulheres e 04 homens estavam Abaixo do Peso (8,07%); 72 pais: sendo 39 mulheres e 33 homens estavam com o Peso Normal (44,72%); 48 pais: sendo 24 mulheres e 24 homens estavam com Sobrepeso (29,81%); 24 pais: sendo 10 mulheres e 14 homens estavam com Obesidade (14,91%) e 04 pais: sendo 03 mulheres e 01 homem estavam com Obesidade Grave (2,49%). 8º passo: Conclui que dos 161 pais pesquisados (homens e mulheres), 89 deles, ou seja: 55,28% dos pais estavam na condição de abaixo do peso, sobrepeso, obesidade ou obesidade grave e 72 pais, estavam no peso normal 44,72%. Os pais foram informados sobre sua condição pessoal no caderno de Ed. Física de seu filho. 9º passo: Concluí que um número maior de adultos estão fora do peso ideal, sendo que 1(um) entre 2(dois) adultos estão com excesso de peso, enquanto que entre as crianças, 1(uma) a cada 6(seis) estão com excesso de peso. As posições se invertem quando o assunto é a categoria Abaixo do Peso.
foto: palestra sobre Pirâmide Alimentar com a nutricionista Bruna.

3- BOA POSTURA NAS CRIANÇAS E PESO DAS MOCHILAS
Para evitar problemas na coluna das crianças, em primeiro lugar, é preciso ensiná-las a manter a postura correta - para andar, sentar, fazer lição de casa etc. Mas se, mesmo assim, os desvios se instalarem, deve-se agir antes da adolescência - entre 12 e 14 anos -, quando as crianças chegam a crescer em média 20 centímetros, tanto meninos quanto meninas. Quando as curvaturas estão aumentadas ou diminuídas é que surgem os problemas, como explica Mário Sérgio Rossi Vieira, especialista em programas de reabilitação e medicina esportiva.
Ainda segundo Vieira, “outro vilão da postura errada são as mochilas escolares, que sempre estão bem acima do peso recomendado”. O ideal é que a criança carregue no máximo 8% do seu peso. E não adianta ver nas mochilas com rodinhas a salvadora da pátria: elas forçam uma postura torcida, que também é inadequada.
Diante dessa situação, surgiu a idéia de fazer uma avaliação postural, com objetivo de detectar anormalidades na simetria dos segmentos corporais(Rosa Neto, 1991: 30). Sendo assim: O 1º Passo foi realizar no mês de abril a pesagem de 143 mochilas dos alunos das 4ª séries. O 2º Passo Para esse trabalho preventivo, foi fazer com a ajuda da Profª de Artes, Débora Bacan Fiuza, um Simetrógrafo (Aparelho para exame ortopédico criado em 1997 na Rede Municipal de Londrina-PR). Para isso foi usada uma parede (sala dos professores), medindo 1,50 x 2,00 metros com 35 linhas horizontais separadas por espaço de 5 cm e onze linhas verticais separadas por espaços de 10 cm. Na altura do teto até o chão, foi fixado um barbante a 50 cm da parede quadriculada e bem em frente a linha vertical do centro da parede. 3º Passo: Escolhi, com a ajuda da profª de Ed. Física Eloah Santos(período da tarde), a escolha dos 8(oito) itens a serem averiguados, como: Gibosidade(se as duas metades laterais das costas não estão alinhadas); Escoliose(desvio lateral da coluna); Lordose(coluna afundada logo acima do quadril); Cifose(ombros projetados para frente em posição de corcunda); Pés cavos(arco do pé muito alto); Pés chatos (arco interno muito baixo); Pernas em arco(joelhos afastados) Pernas em X (joelhos unidos), Pernas/fêmur(quando o fêmur é maior do que seu par) e Pernas/ tíbia ou perônio( quando um dos dois é maior que seu par). 4º passo: Enviei um comunicado aos pais sobre a avaliação na postura e os trajes necessários para a mesma. 5º passo: Realização da avaliação de 97 alunos das 4ª séries no mês de maio. Os dados coletados individualmente foram repassados na planilha, como no modelo abaixo.
foto 1- painél de avaliação; 2-cifose; 3- Avaliação; 4- lordose; 5-escoliose; 6- ombro desalinhado e joelhos em x.

Nome_______________________ Série_____ Idade: ______ Sexo: M( ) F( )
1)Gibosidade: Sim ( ) não ( )
2)Escoliose: Normal ( ) leve ( ) acentuado ( )
3)Cifose: Normal ( ) leve ( ) acentuado ( )
4)Lordose: Normal ( ) leve ( ) acentuado ( )
5)Pernas(joelhos): Normal ( ) em arco ( ) em x ( )
6)Pés: Normal ( ) chatos ( ) cavos ( )
7)Pernas (fêmur): Normal ( ) direito maior ( ) esquerdo maior ( )
8)Pernas ( tíbia ou perônio): Normal ( ) direito maior ( ) esquerdo maior ( )

Observação:___________________________________________________
____________________________________________________________



Data da Avaliação: ____/____/ 2008. Professor responsável: _________


6º Passo: De acordo com os dados alcançados, observei que dos 97 alunos pesquisados, assustadoramente 56,70% tinham algum tipo de problema ortopédico leve, (sendo na maioria, os desvios nos ombros), 3,09% tinham problemas ortopédicos graves e 40,21% tinham a postura dentro dos parâmetros normais. 7º Passo: Diante dos dados, os pais dos alunos foram alertados sobre os resultados estatísticos da avaliação durante a reunião de pais e mestres e os resultados pessoais dos alunos (na maioria com fotos) foram colados no caderno de Educação Física para serem mostrados aos pais.
Portanto, as famílias dos alunos com algum tipo de desvio foram orientadas para procurarem um especialista para tratamento adequado.
“Uma boa postura pode ser definida como uma atitude onde os segmentos corporais ocupem a posição mais próxima possível da posição de equilíbrio mecânico”. (Teixeira, 1993: 49). foto 1- avaliação Normal; foto 2- pés chatos.


4– PESO DAS MOCHILAS

Na primeira pesagem realizada em abril, antes da avaliação postural, notei que das 143 mochilas dos alunos das 4ª séries, 95 delas (66,43%) estavam abaixo do peso recomendado e 48 delas, (33,57%) estavam acima do peso recomendado. 8º Passo: Logo após a realização da avaliação e conscientização sobre a postura, realizei no início do mês de junho uma nova pesagem das mochilas e observei que o número de mochilas com peso abaixo do peso recomendado aumentou, passando para 120 mochilas (83,92%) contra 23 mochilas (16,08%) acima do peso. “Percebi que através da conscientização dos alunos o peso das mochilas diminuiu cerca de 50%”. 9º Passo: Os pais dos alunos foram alertados através de um comunicado colado no caderno de seu filho e orientados durante a reunião de pais e mestres a verificar a mochila das crianças freqüentemente, pois apesar da orientação dada pelos professores foi constatado que os alunos carregavam materiais além do exigido diariamente pela escola. Os pais foram aconselhados ainda a observarem seus filhos sem roupa durante as atividades diárias e ao primeiro sinal de alteração postural, a ajuda médica é a melhor saída. foto: pesagem da mochila.

05-AVALIAÇÃO:

Os alunos fizeram testes de loteria e relatórios de todos os aprendizados em relação ao tema saúde, participaram de concursos de frases sobre a saúde, de palestras sobre pirâmide alimentar com especialista da área. Alguns pais escreveram no caderno de Educação física relatos positivos da aprendizagem dos filhos e outros fizeram comentários na reunião de pais e mestres. Foi realizada também uma nova pesagem das mochilas, ao qual se percebeu uma redução de 50% do peso. Foi decidido que além dos alongamentos realizados nas aulas de Educação Física, os alunos farão alongamentos diários durante as aulas, para compensar o tempo sentado nas cadeiras e novas pesagem das mochilas serão realizadas. Quanto aos alunos com problemas de peso e ou postura, os pais foram orientados a procurar especialistas da área. O trabalho foi encerrado com a atividade salada de fruta, onde os alunos trouxeram frutas e as mães fizeram uma salada de frutas onde todos puderam saborear uma alimentação saudável.

06 – CONCLUSÃO:

Em relação aos problemas de postura, apesar dos professores terem conscientizados os alunos a respeito de ter uma boa postura e colocar nas salas de aula armários a disposição dos alunos para que eles deixem os materiais, notei que outros fatores são responsáveis pela má postura dos alunos, como calçados de salto alto, travesseiro alto, modo de sentar a mesa e sofá, modo de dormir, excesso de peso, o longo período que os alunos ficam em frente aos computadores e vídeos games e principalmente o peso e forma de carregar as mochilas.
Quanto ao excesso de peso corporal a principal questão esta na forma de se ter uma alimentação equilibrada e saudável.
Saliento a importância da Direção, Professores das 4ª séries, pais e alunos no êxito para a execução do projeto, e ressalto ainda que através de experiência profissional e diversas opiniões de autores, que o estilo de vida na idade adulta é determinado em grande parte na fase escolar. Portanto, crianças com excesso de peso e má postura tem grandes possibilidades de se tornarem adultos obesos e com problemas relacionados ao sistema locomotor, Já as crianças mais ativas, conscientes e com acesso a informações terão maiores chances de serem adultos ativos e saudáveis. Assim sendo o papel do profissional de Educação Física é fundamental.

07 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

2-REVISTA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL / 2001
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome;
3-REVISTA NOVA ESCOLA-abril/1997 pág. 45
Teste Prático de Postura;
4-BORBA, PATRICIA DE CARVALHO SILVA (Monografia *) Janeiro de 2006
A importância da atividade física lúdica no tratamento da obesidade infantil;
5-TABELA DE I.C.M. para crianças
British Medical Journal, 2000.

Profº Nilton Cezar José Zumba - 2008